A mesma dúvida que Walter Benjamin colocou face à
classificação da fotografia e do cinema como arte, comparando ambas atividades
com o no momento era, inequivocamente, considerado como arte; é aqui repescada
por Arlindo Machado em relação às novas manifestações ditas artísticas, tais
como a arte gerada por computador. O autor acredita que mais importante do que
rotular estas atividades emergentes como arte, é verificar se estas exigem a
reformulação dos conceitos e visões tradicionais sobre a arte e aquilo que é
considerado arte.
O que Machado procura transmitir é que mais importante do
que fazer encaixar uma nova vertente artística nos moldes existentes, é
transformar esses moldes de forma a poder acomodar estas formas de expressão.
Implicitamente, o autor defende que estes princípios basilares não podem ser
imutáveis pois a arte jamais o será.
O autor também reflete sobre a possibilidade da
máquina (fotográfica ou de filmar) de tomar conta do processo de construção
artística, sobreponto o seu valor objetivo/descritivo à verdadeira mensagem que
o autor/artista possa querer veicular até ao receptor. Machado cita Gilbert
Simondon no sentido de classificar estes aparelhos de ‘máquinas semióticas’
dado que se configuram como materializadoras de pensamento, dotando de
inteligência e cultura uma simples representação. Adicionalmente, não poderemos
apenas encontrar arte e construção de sentido na produção propriamente dita –
mas também na própria concepção da máquina e da sua dimensão projetora de
imaginário.
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