Serve o presente blog para a coleção de pensamentos, reflexões, análises e resumos dos assuntos figurados no âmbito da avaliação da disciplina de Processos de Comunicação Digital, do doutoramento em Média-Arte Digital, da Universidade Aberta.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

A Dimensão Maquínica


O ensaio intitulado “Máquinas de imagem: uma questão de linha geral”, inserida na obra “Cinema, Vídeo, Godard” de Philippe Dubois (2004), elabora uma interessante e esquematizada (embora densa e detalhada) forma de interpretar o papel da máquina como artefacto de produção de imagens, abarcando a tecnologia desde a projeção ótica na câmara obscura até à síntese de imagem computadorizada.

A abordagem começa pelo assumir da construção de imagens como uma atividade sempre ligada e dependente de qualquer tecnologia, seja esta sob a forma de um instrumento, uma técnica, ou de um saber. E a partir daí, e de forma geral, o texto é conduzido no sentido da colocação em causa de um eventual processo contínuo de desumanização do processo artístico, motivado pela invasão de uma dimensão “maquínica”. Esta, em diferentes dosagens consoante a tecnologia em causa, revela-se associada aos fenómenos de expressão e comunicação pelo e para o Homem, e em que medida este está a ser subvertido pela sua própria criação.

A forma como Dubois levanta as questões começa geralmente com uma caracterização do espírito profético relativamente às então novas tecnologias (citando uma variedade de autores detratores/apoiantes dessa faceta progressista). Culminando posteriormente em rebate/concordância devidamente apoiada em exemplos e analogias intertemporais, reforçando o aspeto cíclico (com denominadores comuns) do impacto do fenómeno da introdução de novas tecnologias nos processos de comunicação e manifestação artística.

O autor começa por identificar as quatro tecnologias modernas de maior influência no âmbito da produção de imagens no contexto da finalidade artística/expressiva e no contexto funcional na comunicação de massas. São elas: a fotografia, o cinema, a televisão e a informática. Todas elas caracterizadas por uma ou mais “máquinas semióticas”, tais como, e respetivamente, a câmara fotográfica; a câmara de filmar e o projetor de cinema; o televisor e o canal de transmissão; e por fim, o computador.

Sobre estes quatro objetos de estudo, Dubois contextualiza o seu olhar por intermédio de três vetores bipolares de análise bem definidos: o do real (realismo), o da analogia (mimetismo) e do da matéria (materialismo). Estes servirão para fazer localizar o caráter da intervenção da máquina no processo de construção de sentido, assim como do produto que dele surge.

N.A.: Estes três aspetos serão desenvolvidos na sequência das próximas entradas no blog.

Referências:
DUBOIS, Philippe, 2004, "Cinema, Vídeo, Godard", Cosac Naify, São Paulo

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